Gestalt

A primeira vez que eu ouvi sobre Gestalt eu era caloura do curso de psicologia. Pouco tempo depois larguei o curso e pouco do conteúdo ficou comigo desses sete anos pra cá.  Ultimamente, comecei a ouvir a “Gestalt” em outros meios de maneira cada vez mais frequente e descobri que mais do que ligado a psicologia, a Gestalt se traduz em uma filosofia, uma maneira de pensar e viver a vida – aplicada em diferentes situações.

Gestalt.svgApesar de ter sido criada pelo psicanalista Frederick Perls, a Gestalt terapia não tem como objetivo o trabalho com inconsciente e tem foco no aqui e agora. A palavra “Gestalt” significa “forma” em alemão e seu conceito pode ser entendido como a compreensão dos fenômenos de forma totalitária, indivisível e orgânica, ou seja, com uma forma única, independente das particularidades que a compõem. Desta mesma forma, a terapia Gestalt é aplicada considerando não apenas o discurso do paciente, mas todas suas relações e manifestações sensoriais com o mundo que o cerca para que possa mapear profundamente suas percepções sobre a vida de maneira singular.

A Gestalt possuí duas correntes – monista e dualista. Segundo a dualista, existente dois processos distintos de percepção: o sensorial e a representação. Enquanto o processo sensorial abrange a percepção pura dos elementos de uma configuração a representação é caracterizada por um processo “extra-sensorial”, onde os elementos percebidos adquirem um sentido particular. Segundo os alemães, corrente monista, ambos os processos são simultâneos e só se pode conceber um fenômeno com a simultaneidade dos dois processos, entendendo as relações entre as partes e não seu papel individual no todo.

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Embora as correntes têm percepções distintas, é unânime na Gestalt o fato que “o ato cognitivo corresponde a uma reestruturação do conhecimento anterior” – ou seja, percebemos e classificamos um fenômeno de acordo com o que nos é familiar. De acordo com esse estudo, todos os nossos processos conscientes possuem influência de forças integradoras – relacionadas à própria fisiologia cerebral humana – onde nosso cérebro busca uma organização das mensagens como uma propriedade autorreguladora, dinâmica e buscando a estabilidade e coerência das formas.  

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“My wife and my mother in law” (Words & Unwords)

 

Considerando essa força para tornar coerentes as mensagens e formas, a área de design está intimamente ligada aos conceitos da Gestalt. A psicologia das imagens é usada como diferencial em projetos gráficos, uma vez que o designer pode estimular condições para compreensão do todo que é maior que seus elementos sendo considerados separadamente.

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É  comum que as 7 leis da Gestalt sejam amplamente aplicadas como ferramentas para o sucesso do design. Abaixo seguem as 7 leis detalhadas.

Em logotipos, a aplicação das leis da Gestalt é uma ferramenta bastante explorada.

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Carrefour – Lei das Unidades (Figura/Fundo)

A figura e o fundo interagem como um só elemento, não sendo compreendidos apenas como unidades separadas.

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IBM – Lei do Fechamento

Com elementos de linhas paralelas, as letras IBM não estão explícitas no design, mas a lei do fechamento nos faz conceber IBM claramente a partir do logo.

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Unilever – Lei da Unidade

Não concebemos todos os 24 elementos que compõe a logo, por proximidade assimilamos o U de Unilever de maneira única.

“Todo projeto, seja ele simples ou complexo, carrega várias mensagens que devem ser compreendidas da forma mais eficiente possível. Portanto, a maior importância da Gestalt design se encontra na relação entre o que as pessoas interpretam no que veem e o que o desenhista quis transmitir em seus projetos, pois este é o princípio que garante menos chances de ruído na comunicação.” (Logovia)

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Por todo este contexto, hoje a Gestalt extrapola os campos da psicologia sendo ferramenta importante no design e até gestão empresarial. Já em 2012, IESF – Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais – foi  levantada a necessidade dos gestores desenvolverem um olhar sobre o todo. A empresa deixa de ser iniciativas singulares para ter um forma única e entender essa forma de maneira única é essencial para gerir de maneira estratégica identificando a real dimensão física, cultural e emocional da organização.

Essa abordagem provoca uma nova visão sobre os processos e projetos que trabalhamos e em como, na minha área de marketing, estamos atingindo o consumidor. Não importa se temos dois processos incríveis, a visão do todo – no ângulo do cliente – deve ser sempre monitorada, gerida e desenvolvida. Seja com design, ações ou intervenções; a Gestalt é uma filosofia que nos provoca a enxergar além do nosso projeto-diário e focar no todo e, principalmente, na excelência deste “todo”.

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