Em um site onde o objetivo é unir descobertas em um mundo misto de marketing-design-inovação, não há como avançar sem se questionar – “Qual o objetivo desses esforços ao mercado?” A resposta simples de vender mais, começa a perder sentido em uma sociedade onde tudo é perecível. Até que ponto se deve explorar o público e o próprio mercado e seus recursos? A conta final para essa resposta dificilmente vem junto das etiquetas de fast fashion onde preço pode parecer baixo, mas o custo real é muito alto para todos nós. Hoje é imprescindível que como profissionais, consumidores e seres humanos, estejamos atentos ao consumo consciente.
O mercado da moda é um dos exemplos mais contundentes dessa exploração sem parâmetros; o documentário True Cost expõe os críticos aspectos ambientais, sociais e econômicos (must watch – e tem no Netflix). Hoje, o mundo da moda não obedece o sistema tradicional e ao invés de dois grandes lançamentos (primavera/verão + outono/inverno) a indústria trabalha em um ritmo de 52 estações anuais. Além disso, o preço pago pelo consumidor teve uma queda drástica – alinhada também da transferência da indústria para países pouco desenvolvidos onde se extingue a produção nacional e se sucatiza a mão de obra. Em cerca de 30 anos, o mercado se transformou e essa mudança tem (e terá) impacto na vida de todos nós.
No documentário, me chamou atenção Livia Firth. Além de produtora executiva, ela também é a diretora criativa do Eco-Age e criadora do The Green Carpet Challenge. Em um momento específico do documentário ela está no Copenhagen Fashion Summit em um debate com a responsável por sustentabilidade da H&M e onde mostra a que veio – aos 24′: “[H&M plan/speech] It’s just not good enough”.
E, por isso, resolvi pesquisar um pouco mais sobre ela.
Livia Giuggioli Firth é italiana e formada originalmente como produtora cinematográfica – foi assim, inclusive, que conheceu seu marido o ator Colin Firth (sim, não é só George Clooney que tem uma esposa inspiradora!) durante as filmagens de um documentário na Colombia. Livia se tornou mundialmente reconhecida pela produção de In prison my whole life , documentário que conta a vida de Mumia Abu-Jamal condenado a morte por um suposto assassinato de um policial, sendo até hoje o único documentário já premiado pela Anistia Internacional.
Mas sua vida realmente mudou depois de uma viagem à Bangladesh onde se impactou profundamente com a realidade da cadeia produtiva da moda. Para, democracia não é um exercício de espectadores e ela “não nasceu para ser espectadora de nada em sua vida”.
Em 2007, Livia e seu irmão criaram a consultoria Eco-Age que – nas palavras deles – é uma Brand Consultancy that helps businesses grow by creating, implementing and communicating bespoke sustainability solutions. (dream job, né). Basicamente a consultoria tem apoiado grandes marcas como o grupo Kerin (Gucci, Stella McCartney e Bottega Veneta) a se posicionarem tanto em termos de brand awareness quanto em melhoria da cadeia produtiva para vantagem competitiva. Com a velocidade do mercado, muitas marcas precisam desse tipo de orientação para que possam crescer de maneira sustentável – isto é, economicamente, ambientalmente e socialmente.

“We’re trying nowadays to eat healthy, avoid pesticides, eat fresh and green.. Why not care about the clothes we wear in the same way—where they were made, and what they really cost in human and environmental terms?”
Livia Giuggioli Firth
Além do documentário, Livia também lançou o movimento The Green Carpet Challenge® (GCC) com grande apoio e alcance de estilistas como Tom Ford e atrizes como Meryl Streep – a idéia é mudar o chavão típico do tapete vermelho de “Quem você está vestindo?” para “O que você está vestindo?” – segundo ela “We know that glamour and ethics could co-exist, we just need it to prove it.”
Este ano Livia ganhou o prêmio de International Woman of the Year, pela Harper Bazaar’s – e apesar de aceitar que ela já fez muito, Livia acredita que há muito mas ainda a ser feito.
Continuaremos (ansiosamente) de olho nela!